A geração de empreendedores: o papel da educação
Enfrentar os desafios de se preparar para qualquer profissão na sociedade atual exige uma abordagem inovadora, dado que as tecnologias e as demandas do mercado estão em constante evolução.


A formação de uma geração de jovens empreendedores depende diretamente da educação que recebem desde a infância. Mais do que apenas ensinar como abrir um negócio, o empreendedorismo no ambiente escolar promove o desenvolvimento de habilidades como criatividade, resiliência, inovação e liderança. Autores como Howard Gardner, com sua teoria das inteligências múltiplas, e Seymour Papert, pioneiro em educação e tecnologia, destacam a importância de estimular o pensamento criativo e o aprendizado baseado em projetos, pilares fundamentais do ensino empreendedor.
Gardner sugere que a inteligência vai além do acadêmico e abrange diversas competências, como a interpessoal e a intrapessoal, ambas essenciais para o desenvolvimento de uma mentalidade empreendedora. Ele destaca que as escolas precisam ir além da memorização de conteúdos e criar um ambiente onde crianças possam explorar diferentes formas de inteligência, como a capacidade de resolver problemas e de se comunicar com eficácia — habilidades centrais no empreendedorismo.
Seymour Papert, por sua vez, defende a ideia de que o aprendizado ocorre de maneira mais eficaz quando as crianças são incentivadas a serem construtoras ativas do conhecimento. Em sua teoria de "construcionismo", Papert argumenta que a educação deve permitir que os estudantes se envolvam em projetos práticos, criando, experimentando e aprendendo por meio de erros. Isso é um reflexo direto do espírito empreendedor, no qual o ato de errar não é visto como falha, mas como uma parte natural do processo de inovação.
Outro autor de destaque, Ken Robinson, em seu famoso discurso "Do Schools Kill Creativity?" argumenta que o sistema educacional tradicional suprime a criatividade e a iniciativa pessoal, enquanto uma educação voltada ao empreendedorismo coloca essas habilidades no centro. Para Robinson, é essencial que as escolas promovam a liberdade de expressão e a experimentação, elementos que nutrem o espírito empreendedor.
Em países como Israel, conhecido como "nação das startups", o sistema educacional incentiva o empreendedorismo desde a infância, promovendo o desenvolvimento de soluções criativas para problemas reais. Nos Estados Unidos, diversos programas de educação financeira e empreendedorismo são oferecidos, capacitando crianças e adolescentes a desenvolver habilidades empreendedoras e sociais desde cedo.
No Brasil, iniciativas voltadas ao empreendedorismo juvenil como a Eduqhub, ainda estão em crescimento, mas o cenário é promissor. O desenvolvimento de programas que integrem atividades práticas, como a criação de startups escolares e projetos sociais, possibilita que os alunos explorem suas potencialidades e adquiram uma visão crítica do mundo ao seu redor. Autores como Fernando Dolabela, autor de “O Segredo de Luísa”, ressaltam que o empreendedorismo é uma ferramenta poderosa para a transformação pessoal e social, especialmente quando introduzido de maneira pedagógica e inclusiva.
A educação empreendedora, ao promover habilidades como a inovação, o trabalho em equipe e a resiliência, prepara as crianças e jovens para um futuro no qual não serão apenas empregados, mas também criadores de soluções e protagonistas de suas histórias.
Nara Rocha
Co-fundadora da Eduqhub
Psicóloga, Nara é
co-autora da coleção dos livros
didáticos da Eduqhub.
Pós-graduada em Recursos Humanos e com
Formação em Gestalt, atualmente
se dedica à pesquisa sobre os benefícios do
ensino do empreendedorismo desde a infância.
Sua experiência une educação e inovação,
com foco em promover uma aprendizagem
inclusiva e acessível.

Marília Teófilo | CEO da Eduqhub
Marilia Teofilo CEO e fundadora da Eduqhub marilia@eduqhub.com Pedagoga, Pós-graduada em Neuropsicopedagogia. Especialista em Educação Especial e Inclusiva e Transtorno do Espectro Autista e Inclusão social e escolar. Dedica-se à pesquisa sobre o impacto da tecnologia no apoio a crianças com transtornos do neurodesenvolvimento. Com uma trajetória que une educação e inovação, seu foco é transformar a aprendizagem em um processo mais inclusivo, acessível e eficaz.