Vivemos em uma era em que a tecnologia está presente em todos os aspectos da nossa vida, e a educação não é exceção. Mas afinal, a tecnologia é uma vilã ou uma grande aliada do aprendizado? Essa pergunta gera discussões acaloradas e, muitas vezes, oposições extremas. De um lado, temos aqueles que veem a tecnologia como a raiz de todos os males: distração, alienação e superficialidade no aprendizado. De outro, aqueles que acreditam que as ferramentas digitais são a solução definitiva para todos os desafios da educação.
A verdade, como sempre, está no meio do caminho. A tecnologia, por si só, não transforma nada. O que faz a diferença é como a utilizamos. Se encararmos a transformação digital como uma realidade inevitável e nos dedicarmos a educar as novas gerações para usufruírem dos benefícios que ela pode oferecer, o potencial é ilimitado.
O perigo da Tecnologia mal utilizada
No livro Cretinos Digitais, Michel Desmurget alerta para os impactos negativos do excesso de tecnologia na infância e adolescência. Segundo ele, o uso descontrolado de telas está diretamente ligado à queda no desempenho escolar, dificuldades de concentração e desenvolvimento emocional comprometido. E não é difícil perceber isso ao nosso redor: crianças cada vez mais dispersas, com dificuldades em manter um diálogo profundo e uma dependência crescente das telas.
Mas isso significa que devemos abolir a tecnologia das escolas e da educação dos nossos filhos? De maneira alguma. Como mãe e educadora, sei que o desafio não está na presença da tecnologia, mas na forma como ela é inserida na rotina da criança. A proibição pura e simples é ingênua. Precisamos de um olhar mais equilibrado, que passe pela educação digital e pelo uso consciente e intencional das ferramentas tecnológicas.
Tecnologia como meio, não como fim
Um dos maiores erros que cometemos é enxergar a tecnologia como um fim em si mesma, e não como um meio para alcançar um aprendizado mais significativo. Aplicativos educativos, jogos pedagógicos, plataformas gamificadas e inteligência artificial na educação são ferramentas incríveis quando bem aplicadas. A diferença está na intenção pedagógica por trás do uso.
Eu mesma desenvolvi uma plataforma educacional inclusiva, a Eduqhub, exatamente com essa perspectiva. O objetivo nunca foi substituir o professor, mas sim oferecer um suporte que potencialize o aprendizado, especialmente para crianças que aprendem de maneira diferente. Quando usamos a tecnologia para adaptar os métodos de ensino às necessidades individuais de cada aluno, conseguimos avanços significativos.
A Tecnologia e a inclusão educacional
Se olharmos para a tecnologia como uma aliada da inclusão, as possibilidades são infinitas. Para crianças com transtornos do neurodesenvolvimento, como TDAH, dislexia ou TEA, a tecnologia pode ser a chave para uma educação verdadeiramente acessível. Softwares de leitura para disléxicos, recursos de inteligência artificial para personalização do ensino, plataformas gamificadas que aumentam o engajamento e a autonomia do aluno... o potencial é gigantesco.
O grande desafio é que as escolas brasileiras ainda estão muito distantes de compreender e aplicar essa realidade. Hoje, nossos indicadores educacionais estão entre os piores do mundo. A resistência à inovação pedagógica é um dos fatores que nos mantém nesse ciclo de estagnação. Enquanto não entendermos que a cultura digital é o futuro (e o presente!), continuaremos atrasados.
O segredo está no equilíbrio. A tecnologia não pode ser usada de forma irresponsável, mas também não pode ser ignorada. Cabe a nós, como pais e educadores, prepararmos nossas crianças para serem usuárias conscientes da tecnologia, extraindo dela o melhor e evitando os perigos.
Precisamos ensinar nossos filhos e alunos a utilizarem a tecnologia de forma produtiva: consumindo conteúdo de qualidade, desenvolvendo pensamento crítico e sabendo diferenciar o que é útil do que é apenas distração. O futuro da educação não é sobre resistir à tecnologia, mas sim sobre aprender a usá-la de forma inteligente e equilibrada.
A tecnologia bem aplicada é uma aliada poderosa, principalmente na educação inclusiva. O céu é o limite para a evolução e a melhoria dos resultados educacionais. Mas para isso, precisamos assumir a responsabilidade de guiar essa geração na construção de uma relação saudável com o mundo digital.
Meu filho, que tem TDAH, dislexia e disgrafia, conseguiu escrever uma redação pela primeira vez utilizando um recurso digital, mas isso é assunto para um próximo artigo.
E você, como tem encarado a presença da tecnologia na educação do seu filho?
Vamos continuar essa conversa nos comentários!